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História - Memória Política - Vladimir Palmeira
Vladimir Palmeira era pouco mais que um menino quando, em 1966, começou a despontar no movimento estudantil do Rio de Janeiro. Alagoano, chegou com a família quando a cidade era ainda a capital do País. O pai, senador Rui Palmeira, reunia-se com os integrantes da Arena, partido de apoio ao regime militar, na sala da casa e ele, com estudantes e integrantes do partido comunista, depois Dissidência Guanabara e finalmente MR-8, no quarto dos fundos. Em 1968 já era o grande líder dos movimentos estudantis e populares que confrontavam os militares no centro do Rio. Época, em que o governo federal operava mais na cidade do que em Brasília, para onde iria se transferir lentamente. E é aqui que ele começa a contar a sua rica história no vídeo “Vladimir (68) Palmeira – A História Sem Mitos” produzido pela TV Câmara e dirigido por Roberto Stefanelli com edição de imagens de Joelson Maia. Nada, ou quase nada, se fazia no movimento estudantil do Rio sem que Vladimir fosse consultado. Um período de muitas passeatas, depredações e violência no centro da cidade, que iria culminar com a Passeata dos 100 mil, a maior confrontação que o regime militar sofrera até então. Na verdade, nunca se soube o número exato desta manifestação. Pelas imagens da época, calcula-se hoje que reuniu mais de 700 mil pessoas, algo parecido com a grande concentração de 1 milhão das Diretas-já 15 anos depois. Vladimir passou por várias prisões e temeu pela vida muitas vezes, até que fosse deportado junto com outros 14 presos políticos para o México, em troca do embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado por um grupo de várias facções de esquerda. Neste sequestro estavam pessoas como o atual ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, então um ativo líder estudantil, e o hoje deputado Fernando Gabeira. Foi para Cuba, “uma desgraça”, onde ficou por três anos, período que relata com total desapontamento. Depois rodou pela Argélia, a antiga Tchecoslovaquia, Chile, voltou ao México, acabou na Bélgica. Foi um dos últimos a retornar ao Brasil com a lei da anistia. Elegeu-se deputado federal por dois mandatos, período em que voltaria ao centro do Rio para, em cima de um banquinho de madeira, “prestar contas do seu mandato”, como um servidor sustentado por dinheiro público. Tudo isso Vladimir, hoje um professor de história, relata com distanciamento crítico, desprezando mitologias que costumam de instalar na nossa história recente. E culmina com sérias críticas ao movimento estudantil de hoje.
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